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O que é ser assexual? Compreender o espetro da atração

O que é assexual? Compreender o espetro da atração

Natalia Sergovantseva
por 
Natalia Sergovantseva, 
 Matador de almas
6 minutos de leitura
Psicologia
maio 09, 2025

A assexualidade é um termo que descreve as pessoas que não sentem atração sexual. É uma orientação sexual válida e natural, tal como ser gay, bissexual ou heterossexual. Embora o termo "assexual" possa parecer pouco familiar para muitos, já existe há muito tempo e refere-se a um espetro de identidades. As pessoas que se identificam como assexuais podem ainda ter sentimentos românticos, formar relacionamentos e viver vidas emocionais satisfatórias. No entanto, normalmente não sentem atração sexual primária. Este artigo explora o que significa ser assexual, as diferenças entre atração romântica e sexual e a grande variedade de formas como os indivíduos experimentam estes sentimentos.

O que é que significa ser assexual?

A assexualidade é definida pela falta de atração sexual por outras pessoas. Não significa que alguém seja incapaz de amar ou de ter intimidade. Em vez disso, os indivíduos assexuais simplesmente não sentem o desejo de se envolver em actividades sexuais ou de ter relações sexuais.

Algumas pessoas assumem que toda a gente sente atração sexual primária - aquela faísca ou desejo instantâneo por outra pessoa - mas esse não é o caso daqueles que se identificam como assexuais. A assexualidade desafia a ideia de que a atração sexual é uma parte necessária do ser humano.

Existem muitas sub-identidades dentro da assexualidade. Por exemplo, algumas pessoas são demissexualou seja, só sentem atração sexual depois de estabelecerem uma ligação emocional profunda. Outros podem ser cinzento-asexualque, ocasionalmente, sentem atração sexual, mas não de forma consistente. Estas identidades ajudam as pessoas a compreenderem-se melhor e a comunicarem os seus limites.

A assexualidade tem a ver com o que a pessoa sente, não com o comportamento. Uma pessoa assexual pode continuar a ter relações sexuais por várias razões, como a curiosidade, o desejo de ter filhos ou para fazer o parceiro feliz - mas isso não altera a sua identidade.

Atração Romântica vs Atração Sexual: Qual é a diferença?

Uma das partes mais incompreendidas da assexualidade é a diferença entre atração romântica e atração sexual. A atração romântica refere-se ao desejo de estabelecer relações românticas, como namorar ou apaixonar-se. A atração sexual é o desejo de ter relações sexuais com alguém. Embora muitas pessoas sintam ambas, nem sempre é esse o caso.

As pessoas assexuais podem sentir-se romanticamente atraídas por outras pessoas. Por exemplo, uma pessoa assexual pode ser heterorromântica (sentir-se romanticamente atraída por um género diferente), homorromântica, birromântica ou aromática (sentir pouca ou nenhuma atração romântica). Estes rótulos ajudam a descrever como as pessoas se sentem e com quem podem querer formar laços íntimos e românticos.

É importante compreender esta diferença. Algumas pessoas assexuais têm ligações românticas profundas mas não sentem atração sexual. Outras podem não sentir atração romântica ou sexual de todo.

Uma pessoa pode também sentir atração sexual secundária - isto ocorre apenas depois de se ter formado uma forte ligação emocional. Isto é diferente de sentir atração sexual primária, que normalmente se baseia na atração física imediata. Para muitos indivíduos assexuais, este tipo de experiência emocional é mais significativa.

O espetro da assexualidade e da atração

A assexualidade não é preto no branco. Existe num espetro, e as pessoas situam-se em muitos sítios ao longo dele. Algumas pessoas nunca sentem atração sexual. Outras podem senti-la raramente, ou apenas em condições específicas.

Termos como cinzento-sexual e demissexual são frequentemente utilizados na comunidade assexual. Estes termos ajudam as pessoas a descrever experiências que não se enquadram totalmente na alossexualidade (sentir atração sexual) ou na assexualidade.

É importante notar que uma pessoa pode continuar a desfrutar de proximidade física, como abraços ou beijos, sem sentir atração sexual. O afeto físico e a intimidade emocional podem ser importantes nas relações assexuadas, tal como o são em qualquer outro tipo de relação.

Sentir atração sexual não é um requisito para o amor ou a ligação. As pessoas que se identificam no espetro assexual podem ainda assim desejar companheirismo, romance e proximidade emocional. Para alguns, a atração pode ser mais emocional ou intelectual do que física.

Porque a assexualidade tem a ver com falta de atração sexual, por vezes pode ser difícil de definir. Muitas pessoas podem levar anos a compreender a sua orientação. Também é possível que a compreensão da identidade de uma pessoa mude ao longo do tempo.

Mitos e ideias erradas sobre a assexualidade

Há muitos mitos comuns sobre a assexualidade. Um dos mais nocivos é a ideia de que as pessoas assexuadas apenas "não se esforçam o suficiente" ou que acabarão por "deixar de o ser". Isto é falso e invalida experiências reais.

Outro mito é que as pessoas assexuais são simplesmente tímidas, traumatizadas ou têm um desequilíbrio hormonal. A assexualidade não é um problema médico ou o resultado de experiências passadas - é uma identidade válida. Tal como as pessoas nascem gays ou heterossexuais, também podem nascer assexuadas.

Algumas pessoas acreditam que é impossível ter uma relação com uma pessoa assexual. Na realidade, os indivíduos assexuais podem e conseguem formar parcerias saudáveis e amorosas. A comunicação, o respeito mútuo e a compreensão são fundamentais. As pessoas assexuais podem namorar parceiros alossexuais (aqueles que sentem atração sexual) e criar relações satisfatórias e respeitosas que vão ao encontro das necessidades de ambos os parceiros.

Por último, nem todas as pessoas assexuais são iguais. Algumas querem ter relações, outras não. Algumas estão abertas ao sexo, outras não. A assexualidade é uma experiência diversa e pessoal, e deve ser respeitada como tal.

Assexualidade e sociedade: Compreensão e aceitação

Em muitas culturas, a sexualidade é vista como essencial para a vida adulta. Os filmes, as canções e os meios de comunicação social apresentam frequentemente a atração sexual como sendo fundamental para a felicidade. Por este motivo, as pessoas assexuadas podem sentir-se isoladas ou incompreendidas.

A educação sobre a assexualidade está a melhorar lentamente. Os grupos de defesa e as comunidades em linha têm feito grandes progressos na sensibilização e na prestação de apoio. Quanto mais as pessoas compreenderem a assexualidade, mais fácil se torna para os indivíduos assexuais viverem abertamente e com confiança.

A visibilidade é fundamental. A representação nos media, as conversas honestas e a educação sexual inclusiva podem ajudar a normalizar a assexualidade. Todos merecem sentir-se compreendidos e aceites, independentemente da forma como sentem a atração sexual ou romântica primária.

Ser assexuado não significa que uma pessoa esteja quebrada ou incompleta. Significa simplesmente que a sua experiência do mundo é diferente. Ao abraçar a diversidade da atração humana, a sociedade torna-se mais inclusiva e compassiva para todos.

Conclusão

A assexualidade é uma orientação natural e válida que desafia as visões tradicionais sobre sexo e atração. Apesar de as pessoas assexuais não sentirem atração sexual primária, podem ainda assim formar relações românticas fortes, desfrutar de ligações significativas e viver vidas gratificantes.

Compreender a diferença entre atração romântica e sexual ajuda-nos a apoiar os indivíduos assexuais e a criar uma sociedade mais inclusiva. Ao aprender mais sobre o espetro assexual e quebrar mitos prejudiciais, damos um passo em direção a uma maior consciencialização e aceitação.

Nem toda a gente sente atração sexual da mesma forma, e isso é bom. A assexualidade lembra-nos que o amor e a ligação podem assumir muitas formas bonitas.

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